Olá, vou fazer estas considerações porque incomoda-me,
surpreende-me e chateia-me, infinitamente, ver que os economistas deste país
estiveram aparentemente a olhar para o balão quando passaram, a fazer turismo,
pela Universidade. Mas também quis fazer estas reflexões porque há dois dias
ouvi pela TSF, o Primeiro-ministro dizer que se alguém tivesse uma solução para
não aplicar este drástico e draconiano orçamento que falasse.
Bem, por acaso eu tenho outras formas de sair desta
crise sem ter que se recorrer ao orçamento que querem que seja aprovado. Vou
tentar ser o mais esclarecedor possível nas minhas reflexões.
Antes de mais, gostava de expor (se calhar um bocado
extensamente e peço desculpa), aquilo que para mim deve ser uma União a nível
de países, estados ou regiões.
Como muitos devem saber, ao longo da História da
humanidade têm existido muitas uniões, mas só três delas têm perdurado e
perdurarão. As outras têm desaparecido ou estão para desaparecer.
Mas, sem ir muito longe na História, vejamos só o
exemplo da extinta União de Repúblicas Socialistas Soviéticas. Após 74 anos de
União, os países hoje ex-soviéticos decidiram, por iniciativa da Rússia, na
pessoa de Boris Yeltsin, pôr fim a uma União e Império tão poderoso que
era o único que podia fazer sombra ao outro Império, os Estados Unidos de
América. Essa união desmoronou-se entre outras coisas porque, antes de nada,
uma União de países, estados ou territórios, segundo seja o caso, deve
caracterizar-se por uma coincidência de cultura, idiossincrasia e língua. Se
estes 3 ingredientes não estiverem presentes numa União, essa união está
destinada ao fracasso. Contudo, a União Soviética foi capaz de durar 70 anos,
porque precisamente existia um sistema político social, ditatorial, que
possibilitava a tal união, já que era obrigada e imposta pelo país mais forte,
a Rússia. Mas sobre todas as coisas, a URSS perdurou durante 70 anos porque
aquela União de países tão diferentes, com culturas, idiossincrasias e línguas
diferentes, não era só uma União económica, mas sim económica, política e
social. Ora, isso não é o que se verifica nem se verificará na União Europeia.
E passo a explicar.
A união europeia, tal como a antiga URSS é uma União
constituída por países com culturas, idiossincrasias, línguas, interesses e,
sobretudo, egos diferentes. A união europeia está destinada ao fracasso se os
líderes europeus não se aperceberem que ela não pode ser só uma união económica
mas sim económica, política e social. Mas isso nunca irá acontecer, porque, por
exemplo, a Alemanha e a França, nunca permitirão que a política, a economia e o
sistema social interno estejam em mãos de outros ou de qualquer instituição que
não sejam eles mesmos.
Dito isto, quero afirmar que uma União só será
verdadeiramente uma união com futuro se e só se, essa união também teve um
passado e tem um presente. Ora, esse não é o caso da Europa. Esse é o caso dos
Estados Unidos de América, dos Estados Unidos de México e do Brasil. Essas
uniões são fortes e utopicamente indestrutíveis não só porque sejam uniões
económicas, políticas e sociais ao mesmo tempo, mas sim porque essas uniões
compartem um mesmo povo como uma mesma cultura, com a mesma idiossincrasia e com
uma mesma língua.
É devido a todo isto que uma das medidas que gostava
de propor, a primeira, ao senhor Primeiro-ministro e todo o seu ministério é:
Primeira: A separação pura e simples da União Europeia. Por
quê? Porque o destino do Povo Português já não é controlado pelos portugueses
mas sim por um parlamento europeu e as suas comissões que não fazem a mais
mínima ideia do que é viver e conviver em união.
Alguns dirão: “ Mas este perdeu os fios
todos da cabeça”. Se calhar! Mas o desmembramento da União Europeia é
inevitável, aliás tanto a Alemanha como a França já têm feito as suas ameaças
de deixarem a União Europeia. Ora, antes de isso acontecer (e vai a acontecer,
para o ano, ou em 2012, ou em 2013 ou num outro qualquer, mas vai a acontecer)
eu acho que seria muito mais inteligente deixar a União já agora. Porque quando
a Alemanha ou a França decidam sair de vez, tal como fez a Rússia na extinta
URSS, o caos económico, político e social que paradoxalmente se vai instalar na
Europa vai ser tal, que nem quero imaginar, porque eu já o vivi de certa
maneira.
Outros dirão: “Mas a União Europeia nos
tem dado muito dinheiro” E eu vos diria: Já viram alguma Instituição económica
e/ou financeira internacional dar dinheiro de graça?
A segunda medida seria menos drástica e de certeza
fará com que Portugal deixe de pedir dinheiro emprestado e ao mesmo tempo
possibilitará um Bumb económico.
Se eu fosse o Primeiro-ministro (e todo o seu gabinete
ministerial), em vez de subir os impostos, nomeadamente o IVA, mais bem os
baixava radicalmente. E explico.
Se este orçamento passar, os portugueses podem ir-se
preparando para mais de 10 anos de penúrias e carências, com níveis de
delinquência nunca vistos e com pessoas a passarem fome e necessidade como os
portugueses em muito, muitíssimo tempo ainda não viram. O 1ro Ministro diz que
se este orçamento não passar então mais ninguém nos emprestará dinheiro. Ora,
eu digo que isso é o melhor que poderia acontecer. E por quê digo tudo isto?
Porque se o orçamento for aprovado, sim, os mercados financeiros vão continuar
a nos emprestar dinheiro, mas sonhador seria aquele que pensasse que isso seria
benéfico. Não, não o será. Simplesmente porque com o novo orçamento os pobres
serão cada vez mais pobres, a classe média alta, passará directamente a ser só
média baixa e a media baixa, passará a ser pobre. Também porque as empresas,
montes delas, irão a falência, levando a que o número de desempregados suba até
níveis insuspeitados e porque todos esses factores, ao juntarem-se, farão que o
consumo em Portugal baixe a um nível perto de zero. Consequência?! Como não
haverá consumo, o governo não terá dinheiro para pagar aos credores. E depois
quê? Vão continuar com orçamentos ainda mais drásticos? Virão medidas ainda
mais draconianas? Isso não cabe na cabeça de ninguém que tenha pelo menos “um
dedo de testa”.
Assim, a minha segunda medida para sair da crise em
que nos encontramos e que é diametralmente contraria à quimera que o governo
nos quer impor, e aceite por alguns “economistas” de pacotilha é:
Segunda: Baixar drasticamente os impostos tanto às
empresas como ao cidadão comum. Ora, eu proponho que o
IVA seja baixado dos 21% actuais até entre os 12% e 15 %. Enquanto mais
baixo melhor. E por quê? Qual é a minha ideia?
A minha convicção é que Portugal só vencerá esta crise
através do consumo, ou seja, fazendo que o Português consuma e que os nossos
vizinhos limítrofes de Galiza, Estremadura e Andaluzia, por exemplo, “invadam”
nosso país para fazerem cá as suas compras. Já pensaram nisto?
O IVA em Espanha é de 18%. Se nós baixarmos o IVA até
os níveis que cá recomendo, até é muito possível que os Franceses e os ingleses
viagem a Portugal de manhã num avião da Ryanair de custo de 5 ou 10 € para
fazerem as suas compras cá e logo voltarem na tarde para os seus países (isto é
em tom de brincadeira mas… nunca se sabe). Já imaginaram a invasão que teríamos
em Portugal de vizinhos europeus comprando nos nossos hipermercados, nas nossas
lojas de electrodomésticos, nossa porcelana, nossas loiças, nosso calçado,
nossos tecidos, carros (a diferencia de preços seria tão importante que
compensaria vi-los buscar cá e depois legaliza-los nos outros países),
etc?
Esta 2da medida seria a verdadeira saída a esta crise,
sem ter que se passar forçosamente pela ruptura com a EU. Mas, ainda assim, eu
optaria também pela separação.
Um país não se enriquece por ser o país que mais
impostos impõe, mas sim pelo nível de consumo que os seus cidadãos possam
chegar a ter. Choca-me que, desde o 25 de Abril, ninguém neste país
se tenha apercebido desta grande verdade. Como é possível pensar que Portugal,
com Impostos tão altos e com salários tão baixos algum dia irá ter uma economia
verdadeiramente desenvolvida? Impostos altos são diametralmente opostos a
salários baixos.
3- A terceira medida que eu aplicaria, além de uma das
anteriores, seria acabar pura e simplesmente com as Forças Armadas. Mas
alguns dirão: “as Forças Armadas constituem um símbolo de soberania. E se os
espanhóis decidirem nos invadir como vamos nos defender?” Ora, nem acredito que
existam pessoas que se coloquem estas questões. Por favor, estamos no século
XXI, não estamos nos tempos das Conquistas e colónias. Portugal não tem
inimigos, ora não vejo o por quê de termos Forças Armadas. E haverá quem se
pergunte: “E que vamos fazer com todos os efectivos das Forças Armadas?” Pois
bem, os que estejam em idade de reforma, ou perto dela, seriam reformados, os
que não, seriam incorporados à GNR, aos órgãos de Policia e outros possíveis
órgãos no Ministério da Administração Interna. Ainda, os civis das forças
armadas também poderiam ajudar na vigilância das escolas e informar às
autoridades competentes os pontos de tráfico de droga que desgraçadamente se
encontram à volta de tantas escolas neste país, e muitas outras coisas que este
governo, “tão prolífico” em ideias, poderia lhes oferecer.
E as armas e os equipamentos? Muitas
delas ou muitos deles seriam vendidas ou vendidos a outros países que bem
entendam os comprar, e outras ou outros, passariam para a GNR, PSP, Bombeiros
Voluntários, Hospitais, Centros de Saúde, etc.
Nem mais, estas são as minhas propostas para o
governo. Lidas assim parecem ideias que não fazem nenhum sentido, mas lidas com
calma, tempo, espírito aberto e de autocrítica, se calhar já façam o sentido de
subir o nosso PIB.
Mas atenção, isto não deve ser visto como salvação
durável. É preciso que Portugal tenha uma economia forte e estável, e para isso
é preciso diminuir as importações e aumentar as exportações. Como? Com apoios
importantes à Investigação Científica, à Investigação Tecnológica;
desenvolvendo e elevando o nível dos serviços, desenvolvendo programas de
industrialização e dando apoio a aqueles engenheiros que queiram criar, por
exemplo, uma marca industrializada de carros e/ou motocicletas 100%
portuguesas; apostando por termos uns profissionais verdadeiramente cultos e
preparados, e que encontrem um trabalho valorizador e digno em Portugal para
que não tenham que levar seus savoir-faire a outros países. Apostar para
que a população seja altamente cívica e cultivada, apostar por deixar os
hábitos e pensamentos ditatoriais ainda presentes naqueles que mais podem
contra os que menos podem. Só assim Portugal poderá chegar, sem ajuda de
finanças injustas vindas do estrangeiro, mas sim com ajuda de nós mesmos, a ser
um país importante e respeitado economicamente.
As obras públicas como o TGV e o Aeroporto devem e têm
de ser postas de lado, pelo menos por agora, porque actualmente, num país tão
pequeno como Portugal, esse dinheiro que seria investido só seria recuperado
num muito longo prazo.
E um último pensamento. Devemos meditar calmamente,
mas decididamente, sobre a possibilidade e viabilidade de deixarmos de
pertencer ao FMI, ao Banco Mundial e ao Banco Central Europeu. Querem a minha
opinião? Estou convencido de que não deveríamos pertencer.
É possível termos um país bem diferente e melhor, só
tem que existir vontade e coragem política.
Aprender não é difícil. O que custa é saber aprender.
Espero que a melhor solução seja tomada.
Muito obrigado pela vossa atenção,
P.S. Esta carta será enviada ao Sr. Primeiro-ministro
José Sócrates, partidos políticos, e a alguns médios de comunicação em
Portugal.