sexta-feira, 18 de março de 2011

"É preciso coragem", segundo o Primeiro-ministro

Já lá vão 5 meses desde que escrevi o primeiro artigo neste blog e tudo continua a piorar e já andamos pelo PEC 3,5. Mas não é esta insustentável situação o que me faz escrever novamente, é o facto de ouvir uma e outra vez ao PM* e ao MF**, a frase: “é preciso coragem para tomar estas medidas”.

Bem, para mim, para tomar estas medidas não é preciso ter coragem, é preciso, sim, ser facilitista, estar contra os interesses do povo e só a favor dos interesses de aqueles que mandam mais na Europa.

No meu entender, é preciso, sim,  ter coragem para aplicar as medidas descritas no anterior artigo. Como é por exemplo sair da Europa, mas se não há coragem suficiente que chegue lá, então se poderia romper com o Euro de uma vez e por todas. O Euro e a adesão de Portugal ao mesmo é o grande causante de termos esta crise em Portugal. Não vejo nem ouço dizer que os outros países de União, que não formam parte da zona Euro, têm os problemas que Portugal, a Grécia, a Irlanda e Espanha enfrentam.

Portugal, ao aderir ao Euro, deixou de ter independência monetária e isso foi um suicídio para a nossa economia e a nossa competitividade. Com o Euro veio a falta de exportações e com ela vieram as crises em áreas antigamente muito rentáveis como o calçado e o têxtil. Assim, deixou de ser interessante investir em Portugal, pois o “desvalorizado” Escudo tinha deixado de existir. Ora, se tivéssemos o Escudo, seria muitíssimo mais fácil sairmos desta crise, mandando tão só imprimir inúmeras notas. È certo que não seria uma solução absoluta, mas pelo menos seria uma solução nacional, tal e como fazem os Estados Unidos ou a China se for preciso. Os primeiros imprimem notas e injetam fundos na reserva, os segundos mantêm a sua moeda desvalorizada.

Só para citar um exemplo sobre a saída do Euro, a primeira secretária do Fond National (Fundo Nacional) em França, Marine Le Pen, tem deixado claro que se o FN chegar ao poder, eles sairiam do Euro. Bem, pelo menos fica aquém do seu pai, Jean-Marie, que dizia que sairia da Europa. Numa sondagem de há uns dias atrás, o passado domingo 13.03.2011, para ser mais exato, a intenção de voto nela era de 23%, mas no atual presidente, Sarkozy, e a líder do PS francês, Martine Aubry,  era de 21% cada, empate técnico.

É muito fácil tomar medidas que só prejudicam o Povo, quando se está no Poder. Mas o que é mesmo difícil é ter princípios e muita vergonha para dar o primeiro exemplo quando se pedem tantos sacrifícios a esse mesmo Povo, que, ainda por cima, serão permanentes. Se houvesse princípios e vergonha nos nossos dirigentes, sejam eles do PS ou do PSD, com certeza que eles tivessem já proposto acabar com as ajudas de custos que ostentam o Presidente e aqueles que o rodeiam, o PM e os seus ministros, assim como os deputados. Se assim fosse, iriam todos nos seus carrinhos particulares para os seus “empregos”, pagariam os combustíveis, os seus almoços e jantares, a factura dos seus telemóveis, a água, a eletricidade, etc, etc... e então com certeza que, se calhar, teriam que tomar medidas que precisassem de muita coragem, como aquelas que descrevi no primeiro artigo (http://sairdacriseportuguesa.blogspot.com/search?updated-min=2010-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2011-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=1).

* Primeiro-ministro
** Ministro das Finanças